A Mocidade Independente do carnavalesco Renato Lage foi campeã em 91 e a Mocidade Alegre do carnavalesco Nelson Ferreira ficou com o vice campeonato em 2003.
#mocidade #carnavais #tbt #desfilesdecarnaval #tvcarnaval #agua
Por Biu Oliveira
Quando algum defensor do quesito conjunto fala com saudade do tempo em que era fundamental este quesito, muitas vezes encontra ouvintes que não o entendem bem. Afinal este quesito foi suspenso dos julgamentos justamente por ser um pouco ambíguo ou de difícil compreensão.
Eu sempre explico assim #otaldoconjunto:
O imagine uma margarida sem duas pétalas... Agora insira esta margarida no meio de um jardim de margaridas. Imaginou? Então uma margarida sozinha sem duas pétalas pode ser 9,8 já esta mesma margarida inserida no meio de um jardim de margaridas pode ser sim nota 10,00.
Olhar para uma margarida de cada vez seria a nota de fantasia e alegoria. Olhar para todo o jardim é o quesito Conjunto. É algo sutil e o sutil ainda está em adaptação na percepção humana.
Conjunto pra mim significa: Combinou tudo com tudo? Ou ainda: “No geral foi lindo!”
E que este texto aqui sirva para os jovens criadores de carnaval se inspirarem a criar bons desfiles com o conjunto bem amarradinho!
Também não podemos falar de conjunto sem falar da Mestra Rosa Magalhães que é considerada por muitos a Master Top deste quesito!
Quando pensamos em um desfile podemos criar unificando linguagens: Formas, Cores e texturas: Linguagem da Forma e isto inclui também geometria e harmonia de linhas, o Simbolismo da Forma; Linguagem Cromática e aqui também cabe o simbolismo da cor e Linguagem de Texturas, ou Linguagem de Materiais, ou seja, o MATERIAL utilizado pode e deve ajudar a contar a história no desfile. Coisa que não acontece com frequência até mesmo em desfiles de escolas e carnavalescos famosos.
Quando estamos criando o ideal é rascunharmos tudo primeiro, após obviamente ter feito uma boa pesquisa iconográfica. E quando temos tudo rascunhado materializamos a visão aérea de nosso desfile e esta é a hora de aplicar e reaplicar formas, volumes, cores e definir materiais e seus efeitos propositais que ajudarão no entendimento do Encrenco.
Tudo começa NO ENREDO! Certo?
Vejamos o exemplo de um desfile bem-criado com harmonia de formas, volumes, simbolismos, cores e materiais. (Não estou dizendo que é o único, mas é um dos melhores! )
E ainda na desafiadora Verde e Rosa, por Leandro Vieira, nosso jovem professor...
As formas, volumes e cores precisam conversar entre si. Tudo muito bem alinhavado e conectado como neste belíssimo desfile.
E a criação e desenho da deve estar integrado a criação e desenho das alegorias!
As formas, volumes e cores precisam conversar entre si. Tudo muito bem alinhavado e conectado como neste belíssimo desfile.
E a criação e desenho da deve estar integrado a
criação e desenho das alegorias!
Até a próxima!
O desespero para ser notado e a desatenção no mundo do samba é algo que sempre notei.
Jovens desenhistas que querem fazer carnaval a qualquer custo, querem ser carnavalescos sem ter bagagem.
Eu que lutei pelo reconhecimento dos jovens talentos quando era um jovem, não sei se tinha eu talento, mas lutei. Sei e sempre soube que devíamos pesquisar e saber que o desfile de uma escola de samba é muito mais do que desenhar roupas com ombreira e encher de plumas, muito mais do que entulhar esculturas de Parintins em cima de um chassi de caminhão e dizer que é carro alegórico. É uma contação de histórias e quantos desfiles esqueceram disto?
Hoje comissões de frente de coreógrafos vaidosos desconectaram do desfile e carnavalescos medrosos não ousam dar palpite e se responsabilizarem por mais um quesito...
Hoje enredistas que se sentem mais famosos do que são e jurados injuriados de ciúmes que estudaram na EBA EBA e se sentem doutos de todo conhecimento, mas apenas imitam Leandro Vieira e Bispo do Rosário... A panelinha se fortalece pelas jovens menines que querem mitos a serem adorados e os pavões se criam....
Claro que existem pessoas boas...
Sei que existem os casais de mestre sala e porta bandeira que nunca conseguem chances porque não são amigos...
Egos inflados, puxa sacos, puxa tapetes, alfineteiras, mentirosas, vampiros de ideias, vampiros de assistentes... Jurados tendenciosos, jurados panelinhas, jurados que se acham donos da verdade, jurados invejosos.
Sério mesmo? É um carnaval dos horrores!
E os jovens talentos vão lutando para serem vistos, trabalham de graça, aceitam desagrados, se calam, engolem mais do que deviam. E os velhos talentos vão sendo secretamente traídos e invejados pelos jovens talentos...
É um carnaval dos horrores!
O que ensinar para pessoas que produzem máscaras? Como esperar que contem histórias e produzam arte, alimentando de sonho a vida?
Preferem competir e trair a si mesmos e criarem trombolhos que aumentem suas vaidades.
Muito mal gosto impera na folia de Momo...
Uma pena...
Nunca me adaptei ao feio...
Por
Biu Oliveira
Pesquisador, Ilustrador, Palpiteiro...
Desde que a
Caprichosos de Pilares lançou a campanha do Diretas Já em seu desfile e a Beija
Flor fez Ratos e Urubus, não houve uma crítica social tão necessária quanto esta feita pela Mangueira em 2019.
E parecia que até então que apenas a Beija Flor conseguia ganhar um carnaval com
um desfile crítico, e foi em 2003, Saco vazio não para em pé? Aliás outra
grande crítica necessária que ainda louvava a posse do presidente Lula, em seu
primeiro mandato (Esquerdismos à parte sigamos o texto!) Como toda crítica
artística nasce de uma forte necessidade da catarse de um momento social
doloroso, vemos exatamente a necessidade do povo excluído de dizer sua verdade!
Mesmo que
com grito! Com pichação! Com escárnio... Com carnaval! E foi isso que vimos no
desfile da Mangueira. Espero que isto lance o tema até as salas de aula, e que
a história do Brasil seja revista sim! Brasil que nem descoberto por Cabral
foi, pois já sabiam da existência de suas terras muito antes do português
descer aqui e anunciar ao Velho Mundo que existia e que era dele e da Espanha.
Mesmo que tenha um discurso um pouco exagerado colocando D Pedro I e Princesa Isabel como vilões e eles não eram perfeitos mas também não eram vilões, pois sofriam ataques e pressões de uma elite influente no Brasil e em Portugal que vivia do trabalho escravo. Não podiam lutar pela abolição como quiseram e existem relatos. Ambas esquerda e direita no Brasil estão ainda bastante equivocadas e deslumbradas em exageros de discursos. Isto não desvalida o olhar do artista e a crônica social e crítica poderosa que a escola trouxe para a avenida....
Mas recomendo que vejam os vídeos abaixo:
Agora não
quero dizer que visualmente estava rico, pois riqueza em desfile de carnaval
não é necessária! O Abre alas não tinha 4 chassis como é de praxe, mesmo que o
último carro seja “um rabinho de rato”! Sinto muito que os pavões de plantão pensem o
contrário, busquem o luxo e o exagero em tudo. Mas no final das contas o que
vale mesmo, ou deveria valer, é uma linguagem clara que se identifique com o
publico presente e os que assistem ao vivo e pela net, e um samba que faça
escola e esse público cantar.
Claro que
não vai entrar despencando fantasias ou com ferro aparecendo, não se trata de
romantismo sobre a pobreza mas sim em visual com conteúdo. E foi isto que foi
apresentado.
Grandiosidade
sem criatividade ou bom gosto, não fica bom. Fica vazio de alma!
Mesmo com poucos recursos a escola estava visualmente bela e criativa. Leandro Vieira o criador do enredo e da plástica, que lançou estilo nas fantasias, desde 2016, começa também uma nova linguagem em alegorias, unindo técnicas de design com a folia como poucos até hoje souberam fazer.
A escola ainda enaltecia os heróis apagados da história do nosso país e os heróis anônimos. Uma beleza de tese na avenida, um trabalho de pesquisa que resultou em uma imagética poderosa!
As fantasias eram incrivelmente bem estampadas e bem acabadas,
e a alegoria 2 é pra mim tão impactante que deveria ser considerada uma das
eternas alegorias ao lado do Cristo Mendigo do João, do DNA do Paulo Barros, do
Pierro do Renato na Mocidade e do Noivado de Dona Leopoldina da Rosinha.
Tratava-se de uma pichação ao monumento aos bandeirantes belamente esculpido e
mostrado sem glórias no carnaval carioca, e em vermelho como vermelho é o
rastro de sague que estes falsos heróis deixaram por onde passaram.
Eu que sonho um país igualitário, onde se unifique em paz as três etnias, pois o Brasil não
é mais dos índios apenas porque a vergonhosa colonização aconteceu. Mas temos que
fazer o melhor com o que temos. Não dá mais pra separar brancos, negros e
índios pois miscigenou. Mas precisamos deixar de lado a hipocrisia mesmo que
seja ainda fantasiada e mascarada de luxo!
Quem sabe
mudamos a cor da bandeira do nosso país, para Verde Rosa e Branca?
Faleceu Rosa Magalhães, em um momento em que a beleza e o bom gosto morrem em nosso país, apodrecem na alma brasileira! O que nos renascer...