Rosa Magalhães a 'Verde-Amarela' do samba...

... A Brasileiríssima

Poucos carnavalescos falaram tanto do Brasil como ela...
depois de Fernando Pinto e sua Tropicália, Rosa Magalhães fez uma verdadeira Ode ao Brasil na Sapucaí.
A Carnavalesca, tida como Barroca por excelência, é sim, Brasiliana!... E consegue ser, sem ser ufana em seus enredos, primou por nos revelar momentos incríveis de nossa história, paisagens pitorescas e relatos formidáveis em plena avenida, alguns destes fatos, até desconhecidos do grande público, como foi o caso do Jegue de 1995 ou a Influência de Maurício de Nassau no Brasil no desfile de 1999.
Em 1991 foi vice campeã no Salgueiro com a Rua do Ouvidor, carioquíssimo enredo muito bem ilustrado. Ela que já havia cantado o feijão e do sapoti na Estácio de Sá.

Quando estreou na Imperatriz em 1992, fez um desfile relicário,  "Não existe pecado do lado de baixo do Equador... " Apesar do título do enredo subentender algo erótico, a beleza e o requinte do seu trabalho revelou um desfile inocente e belo, mostrando o Brasil como um 'Novo Paraíso' de Adão e Eva Indígenas... Alegorias muito bem acabadas e detalhadas foram com certeza a marca desta estreia, e era também o início de Fábio Mello e de suas históricas Comissões de Frente.

Depois disto o que se viu foi uma Apoteose de Brasilidade. Em 93 "Marquês Que É Marquês Do Saçarico É Freguês!". "A Imperatriz aproveitou o bicentenário do nascimento de Cândido José de Araújo Viana - o Marquês de Sapucaí - para contar a história do carnaval, desde os tempos do Marquês até a consagração dos desfiles de escolas de samba na avenida que carrega o seu nome." A Comissão de Frente deu um Show, empolgando os comentaristas da TV e o Público, era o Início de um Grande Baile que a escola daria nas co-írmãs, especialmente neste quesito.

No ano de 1994, novamente o Show da Comissão de Frente! Era o começo da coleção de títulos da verde e branco de Ramos.
"A ousadia do enredo, que descrevia uma festa realizada em Ruão no século XVI com motivos inspirados nos indígenas brasileiros, permitiu um desfile surpreendente, ao mesmo tempo luxuoso e empolgante."
Era "Catarina de Medicis na Corte dos Tupinambos e Tabageres"... Um Luxo! Campeã!

Em 1995 o Bi Campeonato vinha com "Mais Vale Um Jegue Que Me Carregue Do Que Um Camelo Que Me Derrube… Lá No Ceará!" Era um estrondo, a mídia dizia: 'Raras vezes uma escola chegou ao nível de detalhismo e requinte, que a Imperatriz alcançou neste desfile. O Carro do Porto e a Chegada dos Camelos era festejado por especialistas. E a plateia assistia boquiaberta o show da escola.

"Eu tenho orgulho de ser Brasileiro..." , dizia a letra do samba da Imperatriz de 1996.
Contando a história da Imperatriz do Brasil, que dá nome a agremiação. Trouxe algumas das alegorias mais belas que já foram realizadas no carnaval, como A Infância de Leopoldina, O Palácio do Tirol e O Noivado de Leopoldina...
"Imperatriz Leopoldinense Honrosamente Apresenta: Leopoldina, a Imperatriz Do Brasil"

 Em 97 uma personagem da história do Brasil seria revivida por Rosa Magalhães. Era Chiquinha Gonzaga no Desfile "Eu sou da Lira não posso negar..." A primeira mulher a compor música para o carnaval, e sendo ainda a primeira música composta para carnaval no país! O desfile teve uma das mais belas Comissões de Frente de Fábio Mello e ainda o lirismo de sempre. O Samba era dos mais bonitos da escola.

 

Em 1999 voltava ser Brasil de cabo a rabo depois de 98 ser futurista-barroca em "Quase ano 2000..."
E o Enredo trazia um título ousado e imenso: Brasil, Mostra A Sua Cara Em… Theatrum Rerum Naturaliun Brasiliae, era campeã, cantando Maurício de Nassau no Brasil com seus Artistas e Cientistas... O samba vinha com ares de MPB, e o desfile foi arrebatador.

No Ano 2000 , o Brasil comemorava seus 500 anos de descobrimento, e o desfile que Rosa preparou, foi uma pintura em plena avenida. Bi Campeã merecida. "Quem Descobriu O Brasil, Foi Seu Cabral, No Dia 22 De Abril, Dois Meses Depois Do Carnaval".

 Inspirado na Marchinha de Lamartine Babo. Inesquecível.

Em 2001 era o ano de mais um Bi e a Imperatriz cantava a Cana... como a popular cachaça do brasileiro,

encerrando seu desfile emocionante, com uma homenagem a Carlos Cachaça e a Mangueira a escola do coração deste baluarte do samba. Quer mais brasilidade que isto?

"Cana-caiana, Cana Roxa,Cana Fita, Cana Preta, Amarela, Pernambuco… Quero Vê Descê O Suco Na Pancada Do Ganzá!"

Antropofagia, com gancho na cidade de "Campos, terra dos Índios Goytacases tão ferozes tão vorazes..." como dizia a letra do animado samba enredo em 2002.

Rosa dava ares de modernismo, tropicalismo, e fazia ressurgir das cinzas seu talento, num abre alas que havia pegado fogo dias antes do desfile.

Uma Beleza... Era "Goytacazes… Tupy Or Not Tupy, In American South Way!"

 Um terceiro lugar quase injusto, não fosse a beleza dos outros desfiles.

Nos anos seguites mesmo falando sobre a Pirataria em 2003, e sobre a cor Vermelha em 2004, ela soube ser  fiel a seu estilo, detalhista e abrasileirado. Em 2005 cantou Monteiro Lobato unindo o escritor a Hans Cristian Andersen, e o resultado foi um delírio de fábulas na avenida.

Em 2006, com Giusepe Garibaldi, o herói mosqueteiro, contou uma parte da Revolução farroupilha, pouco conhecida pelo grande público.

E 2007 chegou a vez do Bacalhau do Chacrinha... que vinha no abre alas, abrasileirando o tema Nórdico.

Sendo muito sensível, no enredo Marias e Joãos, em 2008, contava sobre as Marias das cortes européias, que viéram parar no Brasil, ou seus descendentes que aqui fizeram história na corte trocal.

Agora em 2013,  agora já há 3 anos na Vila Isabel, ela ganha o carnaval com mais um enredo que é a cara do Brasil, o sertanejo caipira, tão já esquecido de nossa cultura, vira o personagem e o tema principal nesta obra brasileira, cheia de raízes, temperos, musicalidade e cores que só a grande mestra do carnaval pode nos brindar, com tanta harmonia.

E para 2014, agora a frente da Estação Primeira de Mangueira, vai falar sobre As Festas Brasileiras...
Brasileiríssima ou não?


Texto de William Oliveira ( Bill  ) 
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